Filhos da Luz




Entre os que tinham ido adorar a Deus na festa da Páscoa, estavam alguns gregos.
Eles se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, com um pedido: "Senhor, queremos ver Jesus". Filipe foi dizê-lo a André, e os dois juntos o disseram a Jesus.
Jesus respondeu: "Chegou a hora de ser glorificado o Filho do homem. Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto. Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna. Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará. Aquele que me serve, meu Pai o honrará.
"Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora. Pai, glorifica o teu nome! "
Então veio uma voz do céu: "Eu já o glorifiquei e o glorificarei novamente".
A multidão que ali estava e a ouviu, disse que tinha trovejado; outros disseram que um anjo lhe tinha falado.
Jesus disse: "Esta voz veio por causa de vocês, e não por minha causa.
Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim". Ele disse isso para indicar o tipo de morte que haveria de sofrer.
A multidão falou: "A Lei nos ensina que o Cristo permanecerá para sempre; como podes dizer: ‘O Filho do homem precisa ser levantado’? Quem é esse ‘Filho do homem’? "
Disse-lhes então Jesus: "Por mais um pouco de tempo a luz estará entre vocês. Andem enquanto vocês têm a luz, para que as trevas não os surpreendam, pois aquele que anda nas trevas não sabe para onde está indo. Creiam na luz enquanto vocês a têm, para que se tornem filhos da luz". Terminando de falar, Jesus saiu e ocultou-se deles. 
João 12:20-36


Ao ler esses versículos da Bíblia, podemos descobrir 3 verdades:

·         Nós todos carecemos de clareza em nossa missão na vida. Jesus a tinha! Jesus sabia a que veio.  Do mesmo modo devemos saber o que nos cabe. Enquanto servos de Deus, nossa missão maior é refletir Jesus em nossas vidas. Precisamos nos perguntar: Como tenho visto a missão que Jesus me deu? Se depender de mim, as pessoas verão Jesus? Confessarão Jesus? Permitamos que a alegria do Espírito Santo seja norteadora em nossa vida. Sejamos barro nas mãos do Oleiro, deixemos que ele nos molde conforme Sua vontade. Estejamos no Centro da Vontade de Deus!

·         Precisamos morrer para o mundo, para os valores do mundo. Estes nos consomem, nos convencem, nos seduzem. Precisamos ter convictamente nossa cabeça no Céu! É muito fácil sermos distraído por valores do mundo. Vivemos num mundo extremamente atraente. A todo instante algo nos desvia de nosso caminho com Cristo e nos pegamos caindo e fraquejando por coisas pequenas. Lembremo-nos que devemos prosseguir “para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:14)

·         Nós podemos ser filhos da Luz. Podemos ser lanternas para os pés daqueles que ainda caminham na escuridão. Para isso, precisamos andar na Luz e a Luz é Jesus! Não temos luz própria. Nossa luz reflete a Luz de Jesus! Nosso caminhar, nosso agir, nosso falar devem ser investimentos na obra do Senhor, nossas atitudes devem ter o cheiro de Cristo. Para que mesmo que não falemos Seu nome, Ele possa ser observado, sentido em nossas vidas.



Explanação compilada e inspirada no culto da noite de 01/04/2012 da Igreja Batista Itacuruçá – Pr. Israel Belo de Azevedo

Esclarecendo um equívoco histórico

Esclarecendo um equívoco histórico: as igrejas protestantes não tiveram origem na Igreja Católica, assim como sua Bíblia. Existe o senso comum, que realmente acredita na Igreja Católica como detentora de todos os poderes sobre a Palavra de Deus e mãe de todas as religiões cristãs, certamente, esta crença deve ter sido divulgada pela própria Igreja Católica, dado seus interesses próprios, como amplamente difundido pelo povo, porém, podemos conhecer muitos povos que possuíam registros dos textos sagrados e muitas Igrejas de Cristo que se opunham à Igreja Católica e seu controle, logo seus escritos não eram oriundos da Igreja Católica.
Pense só: para que Lutero se opusesse à decisão da Igreja Católica quando da Reforma Protestante, não foi só pelo fato de não gostar do que estava escrito, foi em virtude de um comparativo com os textos originais, daí a persistência dele sobre a questão “Sola escriptura”, para que não houvesse alterações sobre os textos originais. Ele usou como referência o “Cânon da Palestina” (organizado desde o 1º século de nossa era, originalmente escritos em hebreu-arameu), enquanto a Igreja Católica adotava o cânon de Alexandria, ou seja desde o início já existiam duas vertentes distintas.
Sempre existiram povos com convicção na Palavra de Deus, desde antes do tempo dos apóstolos, cuidadores da preservação da Palavra inalterada. Muitos destes tratados como hereges pela Igreja Católica, por discordarem da manipulação da palavra de Deus para seus próprios interesses. Foram, o tempo todo, alvos da Igreja Católica, vítimas das inquisições e cruzadas.
Esses povos, essas igrejas e a determinação em manter pura a Palavra de Deus, são responsáveis pela autenticidade da Bíblia protestante que temos hoje em nossas mãos. Esse Texto Sagrado nunca esteve sob domínio absoluto da Igreja Católica, portanto a Bíblia protestante não é originada dos frutos dos concílios católicos, daí a diferença existente entre essas Bíblias, como no caso a da Igreja Católica ter 7 livros a mais que a protestante, além de alguns versículos em outros livros, diferença esta já adotada desde o ano 100 da era cristã, quando os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definir o cânon da Bíblia Judaica (cânon da Palestina), que exclui os sete livros considerados apócrifos.
Além disso, vários fragmentos datados de épocas bem remotas foram encontrados e fornecem provas irrefutáveis de que a transmissão do texto bíblico, durante um período de mais de mil anos pelas mãos de copistas judeus, foi extremamente fiel e cuidadosa.
Outra questão que temos, também do senso comum, é de que os evangélicos são incultos e não pesquisam ou estudam. Temos nossa convicção na Bíblia, por ela ser um documento histórico, arqueológico e que testifica nossa fé, já pesquisado por pessoas de alto gabarito. Temos cristãos doutorados, pós-doutorados, em todas as áreas científicas, humanas e etc. É um pouco difícil imaginá-los acreditando em algo sem pesquisa ou estudo, não é mesmo?

Compromisso


Sempre achei que conhecia a Jesus, pois sempre falávamos n’Ele em nossa casa, no Natal ou outras ocasiões. Eu via filmes sobre Sua vida e crucificação e pensava assim, que dominava o “assunto”. Nunca havia lido a Bíblia e nem me perguntava o porquê.
Lembro de uma amiga da adolescência cuja família era evangélica e sua mãe, sofria pois ela, apesar de ir à igreja com eles, ainda não havia aceitado a Jesus, e num dia fiz parte de um dos apelos da mãe para ela, e declarei sem nenhum conhecimento de causa, que não entendia porque ela não aceitava a Jesus, e afirmei que para mim era natural aceitar Jesus, eu não fazia a menor idéia do que isso queria dizer, mas no fim, ali na minha frente ela respondeu a mãe que aceitava a Jesus. E eu continuei achando que O conhecia.
Frequentava minha religião, acreditando piamente que estava com Jesus.
Um dia, morando em frente a uma igreja batista, acordei ouvindo o louvor “Consagração”, e me senti como visitada por anjos, penso que naquele momento recebi o 1º toque de Deus para caminhar a seu lado.
Sentia falta de Cristo e não sabia.
Até que um dia conheci aquele que hoje é meu marido, evangélico. Olhei de banda... ih! Lá vai querer me mudar....
E graças a Deus, mudou!
Tentei apresentar-lhe minha religião, querendo convencê-lo de que era o certo. A única resposta dele foi: - Não debato com quem nunca leu a Bíblia! Então fui lê-la.
Depois de uns dois meses de leitura do novo testamento, estava no ônibus, sozinha com meus pensamentos e de repente Deus se revelou maravilhosamente. Como se um véu se rasgasse em minha mente tudo ficou claro e percebi como vinha sendo enganada e vivendo longe de Jesus. Naquele momento houve minha conversão sincera e absoluta! Finalmente tinha sido apresentada a Jesus!
Desde então tive a certeza de Jesus como meu Salvador! Consegui compreender e vivenciar o sacrifício de Jesus por mim e senti a presença, desta vez verdadeira, d’Ele em minha vida.
Agora, venho aprendendo a ter Jesus como meu Senhor, entregando minha vida em suas mãos, todos os dias. Exercito a colocação de minhas decisões em Suas mãos.
Assim, através do batismo, quero tornar público minha decisão absoluta de ter Jesus como meu único e suficiente Salvador e Senhor! Extinguindo em mim a vida que eu tinha, longe de Jesus e reconhecendo-me uma nova mulher, renascida em Cristo,tendo-o como o norte de meus atos, em busca de Sua mente orientando todo o meu viver. E que cada vez mais compreenda e viva a maravilhosa Graça e a vida eterna oferecida por Ele diariamente.

Minha profissão de fé apresentada à congregação de minha igreja em 6/6/2010

A Verdadeira Alegria


A Verdadeira Alegria!

Para a maioria das pessoas, Deus existe. Fato! Porém elas insistem em tornar Deus um ser fantasioso, que cuida do universo, nos criou, porém é inacessível.
Oro por estas pessoas, que ainda não podem usufruir da presença constante de Deus em suas vidas.
Buscam apoio e conforto em coisas efêmeras... companhias não tão enriquecedoras, festas do momento, bebidas, comportamentos esfuziantes, etc. Usando-as como tábua de salvação.. Por muitos momentos até se convencem de que são felizes, mas lá dentro de si, sentem uma solidão tão profunda, que parecem que vão se afogar em si mesmos.
Ás vezes observo pessoas com a vida super agitada, cheio de eventos, festas e comemorações radicais, cheios de “alegrias”, farra, mas o que eles conseguem transparecer são pedidos de socorro emocional. Em várias entrelinhas que fazem questão de publicar em seus diversos sites de rede social, podemos claramente ver a necessidade de ajuda em suas vidas. Falta Deus nestes corações!
Não digo que curtir os amigos, sair, passear, seja sinal de carência ou fraqueza não! Isto é super saudável, comemorar a vida, estar com as pessoas que gostamos. Mas esta comunhão tem frutos maravilhosos, se Deus estiver entre os participantes...
Muitas pessoas insistem em resolver seus problemas e seguir suas vidas sozinhos, se acham autossuficientes.. Mas a grande verdade é que estarão em buscas constantes de algo que sozinhos nunca conseguirão saciar... a presença de Deus!
Deus está ao nosso alcance, a todo o momento, esperando por nós! Ele não virá atrás de nós, Ele apenas nos espera! De braços abertos, aguardando nossa decisão de colocarmos nossas vidas em suas mãos e sermos totalmente dependente d’Ele! Em todas as situações!
E quando isso acontece e finalmente entregamos nossas vidas em Suas mãos, contamos com a mais maravilhosa proteção e companhia que podemos ter! Contamos com a presença do Seu Espírito, nos consolando, amparando, sustentando e orientando nossas decisões e caminhos. E Deus nos fala a todo o momento, nunca mais teremos sede nem fome, pois sua presença nos completa. A Água e o Pão da vida serão nossos alimentos espirituais por todos os nossos dias. Jesus estará conosco até a consumação dos tempos!! Isso não é maravilhoso?
Desse modo, nossa curtição com os amigos será cada vez mais verdadeira, feliz e saudável! Pense nisso!
Se sob toda sua aparente alegria está um coração cansado de sofrer, experimente dividir seu fardo com Aquele que mais te ama! Entregue-se a Cristo!

Porque Sou Cristão e Não Espírita - 3


PORQUE SOU CRISTÃO E NÃO ESPÍRITA, 3

Israel Belo de Azevedo

O espiritismo, que se apresenta como uma "doutrina filosófica e moral" (KARDEC, Allan. Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita) e também como a terceira e mais completa revelação de Deus (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.), oferece-se como "a chave da verdadeira felicidade", de onde, segundo suas palavras, deriva "seu poder irresistível". (KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec.)
Esta revelação foi codificada por Allan Kardec em cinco livros: "O Livro dos Espíritos" (1857), "O Livro dos Médiuns" (1861), "O Evangelho segundo o Espiritismo" (1864), "O Céu e o Inferno" (1865) e "A Gênese" (1868). Neles Jesus é considerado um profeta, com a diferença que ele "constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava". (KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, p. 180)
Apesar disto, Kardec assume que as bases da sua doutrina estão assentadas no Evangelho, dele nada suprimindo, mas completando e elucidando (KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo). Diz ele: o espiritismo "é uma doutrina puramente moral, que absolutamente não se ocupa dos dogmas". Como deixa "a cada um inteira liberdade de suas crenças", não aconselha a mudança de religião. Ele não "pertence particularmente a nenhuma religião, ou, melhor dizendo, está em todas elas". (KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec) Seu propósito é dar "aos homens tudo o que é preciso para a sua felicidade aqui na Terra, porque lhe ensina a se contentarem com o que tem". (KARDEC, Allan. Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita)

Eis a confissão de fé feita por Allan Kardec:

"Crer num Deus Todo-Poderoso, soberanamente justo e bom;
crer na alma e em sua imortalidade;
na preexistência da alma como única justificação do presente;
na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento intelectual e moral;
na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos;
na felicidade crescente com a perfeição;
na eqüitativa remuneração do bem e do mal, segundo o princípio: a cada um segundo as suas obras;
na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura;
na duração da expiação limitada à da imperfeição;
no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal;
crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível;
na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados;
considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterno;
aceitar corajosamente as provações, em vista de um futuro mais invejável que o presente;
praticar a caridade em pensamento, em palavras e obras na mais larga acepção do termo;
esforçar-se cada dia para ser melhor que na véspera, extirpando toda imperfeição de sua alma;
submeter todas as crenças ao controle do livre exame e da razão, e nada aceitar pela fé cega;
respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém;
ver, enfim, nas descobertas da Ciências, a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus:
eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que pode conciliar-se com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar a Deus. É o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos, esperando que ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal.
(KARDEC, Allan. Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita.)


De modo mais sintético, o espiritismo propõe crenças comuns às religiões em geral e crenças bastante particulares.
De modo comum, o espiritismo:
. crê na existência de Deus;
. valoriza a razão, tendo como corolário a defesa da liberdade religiosa
. estimula à prática da caridade e de vidas moralmente irrepreensíveis.
Não temos os cristãos qualquer dificuldade em afirmar estes postulados. Cremos na existência do Deus Todo-poderoso e amoroso, justo e bom. Valorizamos a razão e as descobertas científicas. Defendemos o direito de todas as pessoas professarem a religião que entendem ser verdadeira, sem restrição de espécie alguma. Cremos no amor ao próximo, em todas as difíceis conseqüências, e no compromisso de uma visa digna do Evangelho, numa vida que dê frutos que evidenciem o nosso arrependimento.

De modo particular, o espiritismo -- e aí nossas discordâncias se visceralizam -- propõe a idéia da a eternidade da alma (ou espírito), o que desemboca nos pressupostos:
. das reencarnações sucessiva e infinita, visando a reparação do mal causado na terra e o aperfeiçoamento do espírito;
. da continuidade das relações entre os mundo visível e invisível, derivando dai a comunicação dos mortos com os vivos.

A AUTORIDADE DOS ESPÍRITOS
Não deriva o espiritismo sua autoridade da Bíblia Sagrada, como fazem os cristãos, mas do ensino dos espíritos, entendidos como "seres inteligentes da criação, que povoam o Universo, fora do mundo material, e constituem o mundo invisível. Não são seres oriundos de uma criação especial, porém, as almas dos que viveram na Terra, ou nas outras esferas, e que deixaram o invólucro corporal". (KARDEC, Allan. O Livro dos médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores.) O corpo é visto "apenas uma vestimenta grosseira que reveste temporariamente o Espírito, verdadeira cadeia que o prende à gleba terrena e da qual fica feliz em se libertar". (KARDEC, Allan. O evangelho segundo o Espiritismo, p. 204)
Numa frase, "o Espírito mais não é do que a alma sobrevivente ao corpo; é o ser principal, pois que não morre, ao passo que o corpo é simples acessório sujeito à destruição". (KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo)
Em resumo, "o Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato". (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita.) Em outro livro, no entanto, Kardec diz: "Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. (KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. ) Esses Espíritos "povoam infinitamente os espaços infinitos", estando ao lado das pessoas, observando-as". (KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, p. 113)
Sua tarefa é servir como ministro de Deus, dependendo do estágio de evolução que tenham alcançado", (KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo) uma vez que uns chegaram "ao ponto mais elevado da escala, deixaram definitivamente os mundos materiais", enquanto outros, "pela lei da reencarnação, ainda pertencem ao turbilhão da Humanidade terrena". (KARDEC, Allan. Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita.)
Por isto, segundo Kardec, "sem as comunicações dos Espíritos, não haveria Espiritismo. (...) Saída da universalidade do ensino dos Espíritos, tem o valor de uma obra coletiva, e é por isto mesmo que em tão pouco tempo ela se propagou por toda Terra, cada um recebendo por si mesmo, ou por suas relações íntimas, instruções idênticas e a prova da realidade das manifestações". (KARDEC, Allan. Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita.)
A partir daí, o espiritismo desenvolve a idéia de "vida espiritual" como a verdadeira vida, porque é a vida normal (não terrena do Espírito). A outra vida é a vida terrestre, que é transitória e passageira, como se fosse um tempo de morte, porque vivida no corpo, o invólucro do Espírito. (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.) "A vida espiritual é a vida normal do Espírito: é eterna". (KARDEC, Allan. Obras póstumas.)




A REENCARNAÇÃO
Visando um meio para a reparação do mal causado na vida terrestre e autoaperfeiçoamento do ser, o espiritismo propõe a existência de reencarnações sucessivas e infinitas.
Segundo o espiritismo, "um Espírito volta várias vezes a tomar novo corpo carnal sobre a Terra, nasce várias vezes a fim de tornar a conviver nas sociedades terrenas, como Homem, exatamente como este é levado a trocar de roupa muitas vezes". (PEREIRA, Yvonne A. Memórias de um suicida.)
A REENCARNAÇÃO COMO LÓGICA -- Na visão de Allan Kardec, a reencarnação é processo pelo qual o espírito, que é livre no mundo espiritual, vem ao mundo para aprender. Segundo o Espiritismo, Deus impõe aos Espíritos "a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação”. (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, p. 136)
A reencarnação é oferecida "como uma necessidade absoluta, como uma condição inseparável da Humanidade; em uma palavra, como uma lei natural". As sucessivas reencarnações justificam "todas as desigualdades e todas as injustiças aparentes que a vida apresenta". (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, p. 26)
A "lógica da justiça de Deus" fica demonstrada com a punição; ele não pune o bem que se faz e nem o mal que não se faz; se somos punidos, é porque fizemos o mal; se não o fizemos nesta vida, seguramente o fizemos em outra". Assim, "o homem nem sempre é punido, ou completamente punido em sua existência presente, mas nunca escapa às conseqüências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea; se não for punido no hoje, o será no amanhã, e, sendo assim, aquele que sofre está expiando os erros do seu passado". Desse modo, "pela pluralidade das existências e da destinação da Terra como mundo expiatório, se explicam os absurdos que a divisão da felicidade e da infelicidade apresenta entre os bons e os maus neste mundo. (...) Se nos elevarmos pelo pensamento, de modo a incluir uma série de existências, compreenderemos que cada um tem o que merece, sem prejuízo do que lhe está reservado no mundo dos Espíritos, e que a justiça de Deus nunca falha. O homem não deve se esquecer nunca de que está num mundo inferior, ao qual está preso devido às suas imperfeições.
Ao nascer, "o homem traz aquilo que adquiriu; nasce como se fez. Cada existência é para ele um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi: se está sendo punido, é porque fez o mal". As tribulações da vida "são, ao mesmo tempo, expiações do passado, que nos castigam, e provas que nos preparam para o futuro. Rendamos graças a Deus que, em sua bondade, dá ao homem a oportunidade da reparação e não o condena irremediavelmente pela primeira falta". Ao longo das "suas diversas existências corporais é que os Espíritos se livram, pouco a pouco, de suas imperfeições". (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, p. 36)
O objetivo da reencarnação é o melhoramento progressivo da humanidade. "Sem isto, onde a justiça?", pergunta Kardec. (KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, p. 157) "As encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porquanto o progresso é quase infinito” (KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, p. 157) A certeza do espiritismo é que a reencarnação "é a única que corresponde à idéia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam". (KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, p. 158)
Na conclusão de Kardec, "sem a reencarnação somos detidos a cada passo, tudo é caos e confusão; com a reencarnação tudo se esclarece, tudo se explica da maneira mais racional". (KARDEC, Allan. Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita.)

No dizer de outro autor, "a reencarnação afirmada pelas vozes do além-túmulo é a única forma racional por que se pode admitir a reparação das faltas cometidas e a evolução gradual dos seres. Sem ela, não se vê sanção moral satisfatória e completa; não há possibilidade de conceber a existência de um Ser que governe o Universo com justiça". (DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor: os testemunhos, os fatos, as leis.)
Para Allan Kardec, a reencarnação está demonstrada na Bíblia, ao contrário das leituras cristãs tradicionais. Assim, por exemplo, a promessa de Jesus de que são "Bem-aventurados os aflitos, pois serão consolados" deixa claro que "os sofrimentos são como crises salutares que levam à cura, e é a purificação que garante a felicidade nas existências futuras". (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, p. 54) “A cada nova existência, o Espírito dá um passo para diante na senda do progresso. Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem mais necessidade das provas da vida corporal.” (KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, p. 157)
O fundador do espiritismo está seguro que João Batista era uma reencarnação de Elias. Ele toma João 3.1-12 como abono. Para ele, Jesus confirmou a crença na ressurreição, quando disse que ninguém pode entrar no reino de Deus se não nascer de novo da água e do Espírito. Afinal, "o que nasceu da carne é carne indica claramente que só o corpo procede do corpo e que o Espírito é independente dele". (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, p. 57)
Quando a diz que o Espírito sopra onde quer, a Bíblia demonstra que "se o Espírito, ou alma, fosse criado ao mesmo tempo que o corpo, se saberia de onde veio, uma vez que se conheceria seu começo. De todos os modos, esta passagem é a confirmação do princípio da preexistência da alma e, por conseguinte, da pluralidade das existências". (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, p. 58) Assim, "negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo". (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, p. 59)

CRÍTICA Á IDÉIA DA REENCARNAÇÃO -- O argumento pela reencarnação se dá na frente lógica e na interpretação bíblica.
O uso que Allan Kardec e demais autores espíritas fazem da Bíblia é bastante particular.
Vejamos alguns textos: (cf. EDDY, Paul R. Reincarnation and the Bible. Disponível em
João 3.3,7 -- Allan Kardec insiste que a expressão "nascer de novo" comporte a idéia de sucessivas reencarnações. Visto literalmente ou metaforicamente, fica claro que Jesus está mostrando a Nicodemos a necessidade um nascimento espiritual, não biológico.
Mateus 11.14; 17.11-13 -- Nestes textos há uma referência a João Batista como o Elias que haveria de vir, o que levou alguns autores espíritas a derivar que João era uma reencarnação de Elias. Quando lemos os Evangelhos, notamos que o próprio João Batista acabou com esta possibilidade interpretativa quando disse taxativamente que não era Elias (João 1.21). João era um profeta do mesmo estilo de Elias e só.
João 9.1-3 -- Os discípulos perguntam a Jesus, diante de um cego, pelas causas de sua doença: quem pecou: ele ou seus pais. Os reencarnacionistas deduzem que os discípulos criam nessa doutrina. Os discípulos pensavam em algo próximo a maldição hereditária, não em reencarnação. Em sua resposta, Jesus rechaçou as idéias do carma e da reencarnação.
Galatas 6.7-7 diz: "Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá". O verso não abona a idéia do carma. Antes, fala de Deus como um ser pessoal, que chama as pessoas à responsabilidade. A seguir, o verso fala da ressurreição (não da reencarnação), mostrando a diferença entre a carne e o espírito.

Para aceitarmos a doutrina da reencarnação, precisamos aceitar que a alma (ou espírito) preexiste ao ser humano, isto é, que o espírito vaga no espaço (ou habita algum depósito) e num determinado momento entra no corpo de uma pessoa. O corpo é apenas o invólucro do espírito (ou alma). Conquanto esta idéia esteja em Platão e em religiões anteriores ao cristianismo, não há evidência na Bíblia para esta preexistência. A alma surge com o surgimento da vida. Não preexistia. Todos os seres humanos são criados. Só Deus é eterno. Escreveu o apóstolo Paulo: "Deus é o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém". (1Timóteo 6.15-16) "A evidência científica indica a concepção humana como ponto de origem do ser humano individual". (GEISLER, Norman. Enciclopédia apologética. São Paulo: Vida, 2002, p. 748.)
Quanto à vida futura, precisamos concordar que, após a morte, o espírito permanece num estado de “erraticidade”, vivendo "no plano espiritual", em cidades compostas de estruturas próprias, enquanto se preparam para as novas encarnações. Assim, "de acordo com sua necessidade de aprendizado e crescimento espiritual, receberiam programações de vida, genes, potencialidades, enfim, para suportar as provas e expiações por que teriam de atravessar em sua próxima (...) encarnação)" No entanto, a Bíblia diz que os mortos nada sabem e nada fazem, como aprendemos em Eclesiastes 9.5-6. (BRAGA, Maurício Carlos da Silva. Porque não sou mais espírita.)

Para aceitarmos a doutrina da reencarnação, precisamos recusar a realidade da ressurreição, ensinada e mostrada na Bíblia. "A pedra fundamental do espiritismo é de que não morreremos, mas apenas desencarnaremos. Continuaremos vivos, encarnando e desencarnando, indefinidamente, até atingirmos a perfeição! Pela doutrina espírita, não há uma só morte, mas várias e indefinidas, assim como não há um só juízo, mas vários, de certa forma, já que após cada desencarnação há uma definição do novo destino ou da nova vida que o espírito vai seguir em direção a uma almejada perfeição". (BRAGA, Maurício Carlos da Silva. Porque não sou mais espírita.)
A leitura de Hebreus 9.27-28 é totalmente esclarecedora: "Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam". O destino do homem é a morte, única na sua experiência, e depois virá para ele o juízo final, que acontecerá no último dia (João 6.54) e não numa sucessão interminável de dias. Em outras palavras, nascemos uma vez, vivemos uma vez, morremos uma vez e seremos julgados uma vez.
Se a reencarnação, segundo o ensino espírita, acontece múltiplas vezes, em corpos diferentes, em corpos mortais, a ressurreição, segundo a Bíblia, acontece uma vez, no mesmo corpo, num corpo imortal.
Como aprendemos a partir de uma história ensinada por Jesus, quando uma pessoa vai para o seu destino, há um abismo intransponível entre os dois mundos (Lucas 16.26).

Para aceitarmos a doutrina da reencarnação, precisaríamos estar convencidos de que o homem tende a ser moralmente melhor. No entanto, "não há evidência irrefutável de que qualquer melhoria moral significativa tenha ocorrido durante os milhares de anos que conhecemos". (GEISLER, Norman. Enciclopédia apologética. São Paulo: Vida, 2002, p. 748.)

Para aceitarmos a doutrina da reencarnação, precisamos conviver com a idéia de que somos culpados por nosso sofrimento e continuaremos culpados e merecendo a punição. A Bíblia ensina que somos culpados pelos pecados que nós cometemos, mas podemos ser perdoados completamente se pedirmos perdão a Deus com a disposição de não mais pecarmos. A punição não nos aperfeiçoa. Quem nos aperfeiçoa é Deus, quando o convidamos para dirigir as nossas vidas.
Na verdade, a reencarnação não resolve o problema do sofrimento, ao dizer, como os amigos de Jó. que é merecido. Diante de um bebê com uma doença crônica, um cristão diz que não sabe porque isto lhe aconteceu, enquanto o espírita diz que esse bebê está pagando pelo que fez numa vida passada, embora não se lembre dela. Assim, "os inocentes não são realmente culpados porque o carma das vidas passadas está causando o sofrimento". (GEISLER, Norman. Enciclopédia apologética. São Paulo: Vida, 2002, p. 747)

Para aceitarmos a doutrina da reencarnação, precisamos incorporar a idéia do carma e negar o valor da morte de Jesus como sendo expiatória (isto é: em nosso lugar). A reencarnação precisa da idéia do carma, segundo o qual o que uma pessoa semeia nesta vida pagará na próxima. Como ensina o espiritismo, "o carma é uma lei inexorável, sem exceções. Pecados não podem ser perdoados; devem ser punidos. Se alguém não paga nesta vida, tem que pagar na próxima". Diferentemente, segundo o cristianismo, o perdão é possível. Jesus mesmo perdoou aqueles que o crucificaram. (BRAGA, Maurício Carlos da Silva. Porque não sou mais espírita.) Segundo o espiritismo, "ninguém escapa à lei do progresso, que cada um será recompensado segundo o seu merecimento real e que ninguém fica excluído da felicidade suprema, a que todos podem aspirar, quaisquer que sejam os obstáculos com que topem no caminho". (KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, p. 191) O conselho de Allan Kardec é: "Façamos, pois, todos os esforços para a este planeta não voltarmos, após a presente estada, e para merecermos ir repousar em mundo melhor, em um desses mundos privilegiados, onde não nos lembraremos da nossa passagem por aqui, senão como de um exílio temporário". (KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, p. 491)
Temos, portanto, que escolher entre o carma e a graça, entre o mérito e a cruz. A cruz torna a reencarnação completamente desnecessária. O homem não precisa pagar pelos seus pecados. Jesus já fez este pagamento na cruz. Ele não morreu equivocado. Ele morreu para que pudéssemos ser perdoados, sem esforço, mas como um presente da graça. A reencarnação anula o sacrifício de Jesus na cruz.
Se, como propõe o espiritismo, a própria pessoa paga pelos seus pecados (através do “resgate” verificado ao longo das reencarnações) e cresce até adquirir o direito ao convívio com Deus por ter atingido a perfeição, então Jesus "não quitou nossos pecados com Sua morte na cruz, não é nosso intercessor único junto ao Pai e não virá nos buscar no dia da execução do juízo, até porque nem juízo final haveria". (BRAGA, Maurício Carlos da Silva. Porque não sou mais espírita.)

A MEDIUNIDADE
O outro pilar do espiritismo é a proposta de que existe uma continuidade nas relações entre os mundo visível e invisível, derivando dai a comunicação dos mortos com os vivos.
O ENSINO ESPÍRITA -- Diz Allan Kardec: "A comunicação entre os dois mundos, o corporal, material ou visível e o incorpóreo, imaterial ou invisível, é uma premissa básica do Espiritismo, que seria apenas um espiritualismo irreal e duvidoso, se a negasse ou a repudiasse". (KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec.) A mediunidade "é a fonte primordial dos ensinos espíritas". Seu exercício constitui "sem dúvida, importante contribuição dos espíritas que a elas se dedicam, à consolidação da fé raciocinada e ao retorno, à normalidade, das condições psíquicas alteradas daqueles que, enleados nas tramas da obsessão disfarçada e tenaz, procuram, agoniados, os centros espíritas, ou são a eles encaminhados". (KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec.)
A lógica espírita é a seguinte: uma vez "que as almas estão por toda parte, não será natural acreditarmos que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque de nós, deseje comunicar-se conosco e se sirva para isso dos meios de que disponha? Enquanto vivo, não atuava ele sobre a matéria de seu corpo? Não era quem lhe dirigia os movimentos? Por que razão, depois de morto, entrando em acordo com outro Espírito ligado a um corpo, estaria impedido de se utilizar deste corpo vivo, para exprimir o seu pensamento, do mesmo modo que um mudo pode servir-se de uma pessoa que fale, para se fazer compreendido? (KARDEC, Allan. O Livro dos médiuns, p. 25) Em resumo, "os espíritos não são seres à parte, dentro da criação, mas as almas dos que hão vivido na Terra, ou em outros mundos, e que despiram o invólucro corpóreo; donde se segue que as almas dos homens são Espíritos encarnados e que nós, morrendo, nos tornamos Espíritos". (KARDEC, Allan. O Livro dos médiuns, p. 77)
Allan Kardec chama de espíritos as almas que, segundo ele, povoam o espaço. "Os Espíritos são simplesmente as almas e nada mais". (KARDEC, Allan. O Livro dos médiuns, p. 23) Esses espíritos se comunicam por médiuns, que lhes servem de instrumentos e intérpretes. (KARDEC, Allan. O Livro dos médiuns, p. 77) Essa mediunidade, crê Kardec, é "dada a todos, a fim de que os Espíritos possam levar a luz a todas as camadas". Ela é um gesto da bondade de Deus, que coloca bons espíritos para ajudar as pessoas, que não precisam buscar conselhos longe. (KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, p. 247)
Segundo outro autor, "a mediunidade é o instrumento de comunicação entre os dois planos de vida e, no mesmo plano material, é um poderoso vetor de transmissão educacional de orientação, aconselhamento, ânimo, instruções, advertências, correções, etc." (LOBO, Ney. Filosofia espírita da educação e suas conseqüências pedagógicas e administrativas.)
A mediunidade é apresentada como um instrumento de consolo: "A possibilidade de nos pormos em comunicação com os Espíritos é uma dulcíssima consolação, pois que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes e amigos, que deixaram antes de nós a Terra. Pela evocação, aproximamo-los de nós, eles vêm colocar-se ao nosso lado, nos ouvem e respondem. Cessa assim, por bem dizer, toda separação entre eles e nós. Auxiliam-nos com seus conselhos, testemunham-nos o afeto que nos guardam e a alegria que experimentam por nos lembrarmos deles. Para nós, grande satisfação é sabê-los ditosos, informar-nos, por seu intermédio, dos pormenores da nova existência a que passaram e adquirir a certeza de que um dia nos iremos a eles juntar". (KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, p. 528)
A mediunidade implica reconhecer que Deus, então, não se comunica diretamente com as pessoas, porque elas não são dignas. Ele transmite "suas ordens por intermédio dos Espíritos imediatamente superiores em perfeição e instrução.” (KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, p. 205) Esses espíritos rodeiam os seres humanos, podendo conhecer ate os nossos mais secretos pensamentos. (KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, p 305)
Kardec crê que os Espíritos vão ao encontro da alma porque têm afeto. Ao fazê-lo, "felicitam-na, como se regressasse de uma viagem, por haver escapado aos perigos da estrada, e ajudam-na a desprender-se dos liames corporais. É uma graça concedida aos bons Espíritos o lhes virem ao encontro os que os amam, ao passo que aquele que se acha maculado permanece em insulamento, ou só tem a rodeá-lo os que lhe são semelhantes. É uma punição.” (KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, p. 230)
Neste contexto, Allan Kardec responde se as orações dos homens podem mudar a natureza das coisas, sobretudo as que provocam sofrimento: “As vossas provas estão nas mãos de Deus e algumas há que têm de ser suportadas até ao fim; mas Deus sempre leva em conta a resignação. A prece traz para junto de vós os bons Espíritos e, dando-vos estes a força de suporta--las corajosamente, menos rudes elas vos parecem. (...) A prece nunca é inútil, quando bem feita, porque fortalece aquele que ora, o que já constitui grande resultado. Ajuda-te a ti mesmo e o céu te ajudará, bem o sabes". No entanto, "não é possível que Deus mude a ordem da natureza ao sabor de cada um". (KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, p. 395)

INTERPRETAÇÕES DA BÍBLIA -- Alguns textos bíblicos são citados por autores espíritas para validar o fenômeno mediúnico.
Em Genesis 15.15, lemos que Abraão iria "reunir-se em paz com seus antepassados" e seria "sepultado após uma velhice feliz". De Jacó se diz que "expirou e se reuniu com seus antepassados" (Gênesis 49.33). Jesus se refere àqueles que vão se sentar "à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó. (Mateus 8.11). Diz ele ainda: "E, quanto à ressurreição, será que não leram o que Deus disse a vocês: 'Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos". (Mateus 22.31-32). Outros textos têm a ver com a recomendação de se discernir os espíritos, como o de 1João 4.1: "Não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus”.
A conclusão de um desses autores é a seguinte: "Não haveria sentido algum dizer que uma pessoa, após a morte, irá se reunir com seus antepassados, se não se acreditasse na sobrevivência do espírito. Além disso, para que ocorra a possibilidade de alguém poder “sentar à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó” teria que ser porque esses patriarcas estão tão vivos quanto nós". (IPPB. Mediunidade na Bíblia. Disponível em http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=3888)
Ora, a expressão "antepassados" aparece em centenas de passagens bíblicas. Em Gênesis, ir aos antepassados é uma clara figura de linguagem para morte. Não há qualquer regra de interpretação que permita outra leitura.
Quanto a Abraão, Isaque e Jacó, Jesus ensina que estão no céu e não em algum deposito de almas. Vão comparecer diante de Deus para o apoteótico julgamento final e enquanto isto não se comunicam com os seres humanos. É neste sentido que Deus é Deus dos vivos, não no sentido de que os mortos continuam vivos.
Com relação à palavra "espírito", ela tem vários significados na Bíblia. No caso de discernimento, refere-se com absoluta certeza (derivada na leitura de todo o Novo Testamento e não de um versículo isolado) a seres humanos e tem a ver com a percepção do entendimento das intenções humanas na adoração e no convívio fraternal. Há outro sentido: todas as vezes que Jesus expulsa demônios, ele expulsa espíritos imundos. Em nenhum momento, ele fala de espíritos bons. Nos outros lugares, Jesus emprega a palavra como sinônimo de consciência.
No que se refere à consulta aos mortos a Bíblia é claríssima. Citemos três instruções:

. “Não recorram aos médiuns, nem busquem a quem consulta espíritos, pois vocês serão contaminados por eles. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês". [Em outra versão: "Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.] (Levítico 19.31)

. "Não permitam que se ache alguém entre vocês que queime em sacrifício o seu filho ou a sua filha; que pratique adivinhação, ou se dedique à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria ou faça encantamentos; que seja médium, consulte os espíritos ou consulte os mortos. O Senhor tem repugnância por quem pratica essas coisas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, o seu Deus, vai expulsar aquelas nações da presença de vocês". (Deuteronômio 18.10-12)

. "Quando disserem a vocês: “Procurem um médium ou alguém que consulte os espíritos e murmure encantamentos, pois todos recorrem a seus deuses e aos mortos em favor dos vivos?”(Isaías 8.19)

Quanto a estas proibições, assim tão enfáticas, uma explicação espírita é a seguinte. "Os espíritos dos mortos eram considerados, por muitos, como deuses. Levando-se em conta que era necessário manter, a todo custo, a idéia de um Deus único, Moisés, sabiamente, institui a proibição de qualquer evento que viesse a prejudicar essa unicidade divina. As consultas deveriam ser dirigidas somente a Deus, daí, por forças das circunstâncias, precisou proibir todas as outras. (...) Moisés não era totalmente contra o profetismo (mediunismo), apenas era contrário ao uso indevido que davam a essa faculdade". (IPPB. Mediunidade na Bíblia. Disponível em http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=3888) Na mesma linha de explicação, ainda segundo os espíritas, no caso de Saul, seu erro não foi consultar um morto, mas não consultar um profeta, como Deus esperava.
A experiência da transfiguração em que Moisés e Elias aparecem a Jesus (Mateus 17.1-9) é interpretada como uma "ocorrência inequívoca de comunicação com os mortos" IPPB. Mediunidade na Bíblia. Disponível em ) Ademais, se a atuação dos médiuns pretende traduzir ou interpretar o que os espíritos têm a transmitir, não seria razoável que houvesse na Bíblia uma recomendação para que fossem ouvidos? (BRAGA, Maurício Carlos da Silva. Por que não sou mais espírita. Disponível em ) Continua em 25 de julho no site da Itacuruçá

CRÍTICA À PRÁTICA DA MEDIUNIDADE

A palavra “espírito” (no singular) aparece centenas de vezes, quase todas se referindo ao interior do ser humano vivo. As variantes são para “espírito maligno” ou “espírito mentiroso”. Quanto a “espíritos” (no plural), o termo aparece entre 36 (ARA) e 47 (NVI) vezes na Bíblia, dependendo da versão, em função dos sinônimos empregados.
Tomemos a Nova Versão Internacional, onde aparece 14 vezes no Antigo Testamento e 33 no Novo Testamento. No caso do Antigo Testamento, das 14 vezes 11 (Levítico 19.31, 20.6, 20.17; Deuteronômio 18.11; 1 Samuel 28.3.7, e 9; 2Reis 21.6 e 23.24; 2Crônicas 33.6 e Isaías 8.19) são para condenar a consulta a médiuns, duas (Provérbios 9.18 e Isaías 14.9) são para se referir a mortos inativos nos seus lugares de mortos e uma (Zacarias 6.5) é uma metáfora para o poder de Deus em ação. (Quanto à palavra “médium/médiuns, a NVI traz 13 referências, todas condenando visceralmente a prática de consulta a eles.)
Nas 33 referências no Novo Testamento, 13 estão nos evangelhos e todas as 13 se referem a espíritos malignos expulsos por Jesus da vida de pessoas. Em Atos, há 3 referências no mesmo sentido. Os usos da mesma palavra são bastante distintos. Em três lugares (1Corintios 2.10, 1Timóteo 4.1 e 1João 4.1) são referências ao dom de discernimento de espíritos, que é o dom de perceber as intenções das pessoas, significando “espíritos” as consciências das pessoas vivas e não outra coisa. Em outro, a anjos (Hebreus 1.14), seres enviados da parte de Deus para tarefas especificas e que nunca foram seres humanos. Em outro, no contexto de um título para Deus (Hebreus 12.9). Em outro lembra uma pessoa santa (Hebreus 12.23). Em outro, é uma referência à recusa a aceitação da dimensão espiritual da vida por parte dos saduceus (Atos 23.8).
As demais oito referências estão em Apocalipse. Destas, uma é um título para Deus (Apocalipse 26.2) e indica pessoas vivas que creem em Deus; três (Apocalipse 16.13, 14, e 16) se referem a espíritos imundos ou demoníacos que se opõem a Deus, uma é um título para Deus, e quatro são os “sete espíritos de Deus” (Apocalipse 1.4, 3.1, 4.5, 5.6), expressão que designa a plena presença de Deus no mundo.
Assim, não temos como conciliar os ensinos espíritas, que têm na mediunidade sua “fonte primordial (KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec.) com o ensino bíblico.
Assim, para aceitar a mediunidade, precisaríamos admitir que a Bíblia precise ser complementada e mesmo contestada. E não estamos falando de divergências de tradução ou de interpretação. É a totalidade dos textos que recusam a mediunidade como um método divino de se comunicar com os homens. Não há interpretação possível que transforme um “não” (“Não recorram aos médiuns, nem busquem a quem consulta espíritos, pois vocês serão contaminados por eles. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês” (Levítico 19:31) em “sim” (sim, recorram à mediunidade). As consultas aconteciam e a Bíblia não discute a sua existência ou não; o que a Bíblia faz é registrar a sua condenação por Deus, que pede a morte para os seus praticantes, tal o seu poder de morte sobre as pessoas. Quando Saul consulta uma médium, conhece a morte física, depois de já estar destroçado espiritualmente.
Para aceitar a mediunidade, precisaríamos aceitar a ideia da reencarnação, pressupondo que a alma existe antes do ser humano ser concebido (preexistência da alma) e ai continuar sua existência independente deste corpo. O que a Bíblia ensina é que o ser humano é uma unidade biopsíquica espiritual. O ser humano surge na concepção. Antes da concepção, corporificada no nascimento, não existe história. Não existe um lugar onde os espíritos dos mortos morem para dali voltarem a Terra, seja para se reencarnar, seja para se comunicar com os vivos. O que a Bíblia ensina é que, com a morte, o corpo morre e o espírito vai para o céu. A promessa de Jesus feita na cruz a um condenado como ele foi: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23.43). Quem está lá não volta. As dimensões não se comunicam.
Para aceitar a mediunidade, precisaríamos recusar a doutrina bíblica da criação: cada um de nós um ser autônomo, livremente responsável por seus acertos e erros, por sua dignidade e seu pecado.
As influências sobre cada um de nós estão claramente dadas na cultura e no convívio com outras pessoas. Somos tentados por Satanás, que procura nos massacrar, para nos desviarmos da santidade que Deus nos propõe, mas mesmo assim a decisão é nossa, porque somos chamados a resistir ao seu assédio (Tiago 4.7).
Para aceitar a mediunidade, precisamos admitir a hipótese, negada pela Bíblia, de que não podemos nos comunicar diretamente com Deus e nem Ele pode se comunicar conosco diretamente, precisando de intermediários. Somos criados á imagem e semelhança de Deus. Pecamos, mas Deus, por sua infinita bondade, ainda se inclina para nós. Não precisamos de intermediários para dirigir a Ele a nossa oração. Livre, libérrimo, Ele age como quer e não precisa de intermediários para nos falar. Ele nos fala objetivamente por Sua Palavra escrita. Ele nos fala subjetivamente por meio do Espírito Santo, que não é o espírito de uma pessoa morta, mas é (sem metáforas) o próprio Espírito de Deus.

UMA CONFISSÃO DE FÉ CRISTÃ
Eu creio em Deus, Pai Amoroso e Todo-Poderoso, que é soberano, sábio e bom ao mesmo tempo, e eu creio que Deus se comunica comigo diretamente, sem intermediários, por meio da Sua Palavra escrita e por meio do seu Santo Espírito que habita em mim.
Eu creio em Jesus Cristo, o Filho de Deus e verdadeiro Deus, Ele mesmo, conquanto tenha voluntariamente tomado a face humana, para, morrendo na cruz, expiar os meus pecados, lavados pelo seu sangue redentor, pelo que eu o tenho como meu Salvador e Senhor.
Eu creio no Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, cujo ministério é me convencer do meu pecado, chamando-me ao arrependimento, e também me confortar no tempo da aflição, formado por perdas e dores.
Eu creio na Bíblia, livro que não se contradiz, porque inspirado por Deus, para me instruir com mandamentos que são para a minha felicidade, pelo que, portanto, não pode ser contraditado por nenhuma outra voz, humana ou pretensamente celestial, e nem mesmo pela experiência explicitamente autorizada pelas Sagradas Escrituras.
Eu creio na oração, recurso que Deus me abre para levar a Ele as minhas dificuldades e as dificuldades de outras pessoas.
Eu creio na vida eterna, que começa aqui, depois que confesso que Jesus é o meu Senhor e Deus, e continua para sempre, para que seja plena a minha comunhão com Deus
Eu creio na ressurreição do meu ser, prototipifizada na ressurreição de Jesus Cristo, totalmente confiante que após a minha ressurreição e o juízo final viverei para sempre no céu com o Deus Pai, o Deus Filho, o Deus Espírito Santo e todos os que tiverem sido perdoados por Jesus, por meio da fé nEle, e tão somente nEle, como o único Salvador.
(FIM)

Fonte: www.prazerdapalavra.com.br

Porque Sou Cristão e Não Espírita - 2


PORQUE SOU CRISTÃO E NÃO ESPÍRITA, 2
(Marcos 1.15)

Israel Belo de Azevedo

Se partimos da Bíblia (não de quaisquer outras fontes, nem de nossas experiências) como o Livro de onde derivamos nossas certezas (crenças e compromissos), o diálogo entre cristãos e qualquer outro credo não-cristão se torna possível, embora difícil.
A dificuldade reside primeiramente na aceitação do ponto de partida. No entanto, felizmente os cristãos não temos outro ponto de partida senão a Bíblia. Nossas interpretações intracristãs podem diferir num ponto ou noutro, mas ela não deixa dúvidas sobre as questões essenciais. O que a Bíblia diz que o Evangelho é, apresentado pelo próprio Jesus Cristo e também por seus apóstolos, não deixa dúvidas sobre o que o Evangelho é. Não há outro Evangelho (Gálatas 1.6) se não o Evangelho de Jesus Cristo, que não é um revelador de Deus, porque Ele é o próprio Deus em forma humana. Jesus Cristo é o Deus que se revela plenamente. Qualquer Evangelho que não seja o de Deus, revelado somente em e por Jesus, deve ser rejeitado, mesmo que pregado por um suposto anjo (Gálatas 1.8).
Se aceitamos a Bíblia como a revelação de Deus, notamos que o Espiritismo, embora prometa realizar as promessas de Cristo, é outro evangelho. Embora o prometa, ele não facilita "aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo, dando a fé inabalável e esclarecida àqueles que duvidam ou vacilam". (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, p. 193)
Eis a conclusão a que chegamos lendo o conteúdo do Evangelho de Jesus Cristo, como apresentado no Novo Testamento.

A RECUSA À IDÉIA DE PECADO
Jesus principia sua pregação anunciando que as pessoas precisam se arrepender dos seus pecados e crer no Evangelho ("boas novas", em português). O historiador bíblico registra assim:

“O tempo é chegado”, dizia ele [Jesus Cristo].
“O Reino de Deus está próximo.
Arrependam-se e creiam no Evangelho [ou "nas boas novas"]!”
(Marcos 1.15)

É por isto que lemos outra fala de Jesus:

"Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento”.
(Lucas 5.32)

Em outras palavras, Jesus diz que não veio chamar os que se consideram justos, mas veio chamar ao arrependimento aqueles que sabem e reconhecem que são pecadores.
O Evangelho, portanto, é uma oferta de perdão. O apóstolo Pedro, quando do nascimento da Igreja cristã, semanas após a ascensão de Jesus Cristo, captou a mensagem de Jesus, ao convidar os presentes à reunião a uma atitude, nos seguintes termos:

"Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados"
(Atos 3.19)

O ensino espírita rejeita totalmente esta síntese. Segundo Allan Kardec, os "meus defeitos atuais são restos das imperfeições que conservo de minhas existências anteriores. São o meu pecado original, do qual posso me livrar por minha vontade e com a assistência dos bons Espíritos". (KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, p. 284.) Os pecados que cometemos são, portanto, "imperfeições das vidas passadas que temos que superar (nossa expiação) para nos purificar". (Cf. nota do tradutor de O Evangelho segundo o Espiritismo, p. 284) Essa purificação vem por "méritos, resignação e intrepidez nas provações". (DENIS, Léon. Cristianismo e Espiritismo)
O Espiritismo não pode aceitar que Jesus que tira o pecado do mundo, como nos convida João Batista: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! (João 1.29) Não importa a negação do pecado, como faz o Espiritismo, para quem "a palavra pecado não exprime, em si mesma, senão uma idéia confusa. A violação da lei acarreta a cada ser um amesquinhamento moral, uma reação da consciência, que é uma causa de sofrimento íntimo e uma diminuição das percepções animais. Assim, o ser pune-se a si mesmo. Deus não intervém, porque Deus é infinito; nenhum ser seria capaz de lhe produzir o menor mal"
Enquanto a Bíblia diz que todos pecamos e precisamos da graça de Deus (Romanos 3.23), o Espiritismo garante que "nós não precisamos salvar a ninguém, todos estamos salvos, pois somos destinados à perfeição e teremos tantas oportunidades reencarnatórias, quantas forem necessárias, para atingirmos essa meta e, dependendo do esforço que estejamos empreendendo na direção adequada, poderemos atingi-la mais ou menos rapidamente, com mais ou com menos sofrimento. A predisposição é para o desenvolvimento desse potencial positivo que trazemos, quando despertamos no mundo para mais uma experiência encarnatória". Na verdade, "na perspectiva espírita, não existe nem mesmo o pecado". (SOUZA, Dalva Silva. Os caminhos do amor.)
Na verdade, não existe sequer a idéia de salvação, como o Evangelho de Jesus Cristo a apresenta. No Espiritismo, salvar-se "é aperfeiçoar-se espiritualmente", para que a pessoa não caia "em estados de angústia e depressão" após a morte. Salvar-se é "libertar-se dos erros, das paixões insanas e da ignorância". (MARCUS, João (Hermínio C. Miranda). Candeias na noite escura.) Como escreveu Chico Xavier, salvação é "libertação e preservação do espírito contra o perigo de maiores males, no próprio caminho, a fim de que se confie à construção da própria felicidade, nos domínios do bem, elevando-se a passos mais altos de evolução". XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade: estudos e dissertações em torno de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.)
O homem, portanto, não é salvo por Jesus Cristo, mas se salva a si mesmo. Eis como o Espiritismo descreve o papel de Jesus na salvação. Ele é um "mediador, isto é, intermediário, médium incomparável, traço de união que liga a Humanidade a Deus, eis o que é Jesus! Mediador e não redentor, porque a idéia de redenção não suporta exame. É contrária à justiça divina; é contrária à ordem majestosa do Universo". DÊNIS. Leon. Cristianismo e Espiritismo.
Por isto, então, "a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os Espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo. Das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, desceu o Cristo às nossas obscuras e tormentosas regiões, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: tal o seu sacrifício". (DÊNIS. Leon. Cristianismo e Espiritismo.)
Diante destas afirmações, fica claro que "a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus". (1Coríntios 1.18)
Precisamos sempre nos voltar para Jesus e deixar Ele mesmo falar. Eis o que Ele disse, quando estabeleceu a Ceia, olhando para o cálice com o vinho, simbolizando seu sangue: "Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados". (Mateus 26.28)
É por isto, como aprendemos com os apóstolos, que em Jesus "temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus" (Efésios 1.7). Pelo sangue de Jesus derramado na cruz, nós fomos reconciliados com Deus, estabelecendo-se a paz (Colossenses 1.20). Somos santificados "por meio do seu próprio sangue". (Hebreus 13.12)
Precisamos pôr em letras garrafais a lembrança do apóstolo Paulo: "Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver, transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus". (Romanos 3.24)
Reafirmemos que não podemos conquistar a salvação (ou reconciliação) através de nossos próprios esforços; antes, devemos recebê-la como um presente. "O pecado provocou a separação; a crucificação de Cristo trouxe a reconciliação. O pecado produziu inimizade; a cruz nos trouxe a paz. O pecado criou um abismo entre o homem e Deus; a cruz construiu uma ponte entre eles. O pecado quebrou a comunhão; a cruz a restaurou". (STOTT, John. Cristianismo básico. Viçosa: Ultimado, 2007, p.111)



A ANUNCIADA INSUFICIÊNCIA DO ARREPENDIMENTO
O discurso inaugural de Jesus ("arrependam-se") é tornado sem sentido no Espiritismo. Ouçamos suas vozes:
Segundo Allan Kardec, o arrependimento "é apenas a preliminar indispensável à reabilitação, mas não é o bastante para libertar o culpado de todas as penas". (KARDEC, Allan. O céu e o inferno ou A Justiça divina segundo o Espiritismo. Disponível em ). Uma vez que "Deus não absolve incondicionalmente, faz-se mister a expiação, e principalmente a reparação". (KARDEC, Allan. O céu e o inferno ou A Justiça divina segundo o Espiritismo. Disponível em ) A reparação é indispensável. “O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado”, (KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, p. 563.) já que “o arrependimento lhe apressa a reabilitação, mas não o absolve". (KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, p. 565.)
Como complementa um intérprete, "o arrependimento não é a remissão total da dívida, é a faculdade, o caminho para redimi-la. E é nisso que consiste, segundo o código de Kardec, o perdão do Senhor". (IMBASSAHY, Carlos. Religião: refutação às razões dos que combatem a parte religiosa em espiritismo. Disponível em ) Para outro, "o arrependimento é, com efeito, um meio de chegar ao fim, de chegar à expiação produtiva, à atividade nas provações, à perseverança no objetivo. (...) Todavia, o Espírito culpado não pode avançar, senão mediante a reparação. (ROUSTAING, J.B. (Coord.). Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação. Disponível em ) Por isto, como ensina Xico Xavier, o arrependimento é "caminho para a regeneração e nunca passaporte direto para o céu". (XAVIER, Francisco Cândido. No mundo maior. )
O apóstolo Paulo testificou que as pessoas "precisam converter-se a Deus com arrependimento e fé em nosso Senhor Jesus". (Atos 20.21) Arrependimento e fé são duas faces de uma mesma moeda; um não existe sem o outro. Arrependimento sem fé é apenas admissão de culpa. Arrependimento com fé é admissão de culpa, tristeza pelo pecado cometido, disposição de não pecar mais e oração por vitória sobre o pecado.
É o Espírito Santos que nos convence do nosso pecado e da necessidade de nos arrependermos (João 16.18). O arrependimento, que implica a disposição de não pecar mais, é tudo o que o homem pode fazer, e é também a única coisa. O arrependimento é uma tristeza, diante do pecado cometido, posta em nossos corações pelo próprio Deus (2Corintios 2.7-10).

O JESUS QUE EMERGE DAS ESCRITURAS

Crer "no Evangelho", portanto, é ter "fé em nosso Senhor Jesus".
Quem é Jesus? Ele mesmo se apresenta, como lemos no evangelho de João:

. “Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você”. (João 4.26)
. “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede". (João 6.35; João 6.48; cf. João 6.41; João 6.51)
. "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”. (João 8.12)
. "Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem". (João 10.9; cf. João 10.7)
. “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas". (João 10.11)
. “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá". (João 11.25)
. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim. (João 14.6)

O retrato de Jesus Cristo feito pelo Espiritismo não confere com o quadro pintado pelas Escrituras.
Allan Kardec diz que Jesus "é o mensageiro divino enviado aos homens para ensinar-lhes a verdade, e, por ela, o caminho da salvação". (KARDEC, Allan. O céu e o inferno ou A Justiça divina segundo o Espiritismo. Citado em "O Espiritismo de A a Z". Disponível em ) Jesus "era médium de Deus". (KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Citado em "O Espiritismo de A a Z") Ele "é filho de Deus", no mesmo sentido que o são "todas as criaturas". (KARDEC, Allan. Obras póstumas. Citado em "O Espiritismo de A a Z")
Um autor espírita deixa bem claro que "como filho, Ele, Jesus, não é Deus e sim Espírito criado por Deus e Espírito protetor e governador do planeta terreno, tendo recebido de Deus todo o poder sobre os homens, a fim de os levar à perfeição; que foi e é, entre estes, um enviado de Deus e que aquele poder lhe foi dado com esse objetivo, com esse fim". (RIBEIRO, Guillon. Jesus, nem Deus nem homem. Citado em "O Espiritismo de A a Z") Por isto, tornou-se "o mais alto expoente de evolução espiritual que podemos imaginar". (QUINTÃO, Manuel. O Cristo de Deus. Citado em "O Espiritismo de A a Z")
Divaldo Franco o elege como o máximo exemplo da entrega a Deus, como uma "lição viva e incorruptível de amor em relação à Humanidade". Nesta condição, "mergulhou no corpo físico e dominou-o totalmente com o seu pensamento, utilizando-o para exemplificar o poder de Deus em relação a todas as criaturas, tornando-se-lhe o Médium por excelência, na condição de Cristo que o conduziu e o inspirava em todos os pensamentos e atos". (FRANCO, Divaldo P. Impermanência e imortalidade. Citado em "O Espiritismo de A a Z")
A síntese é clara: "Jesus é o ser mais puro que até hoje se manifestou na Terra. Jesus não é Deus". (ANJOS, Luciano dos e MIRANDA, Hermínio C. Crônicas de um e de outro. Citado em "O Espiritismo de A a Z") Ele foi apenas um "Espírito sublimado". (CALLIGARIS, Rodolfo. Páginas de Espiritismo cristão. Citado em "O Espiritismo de A a Z")
No dizer de Chico Xavier, Jesus é um membro da comunidade dos seres angélicos e perfeitos. (XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Citado em "O Espiritismo de A a Z")

Nas Escrituras, no entanto, aprendemos que Jesus não apenas ensina a verdade. Ele é a verdade. Ele disse: Eu sou a verdade (João 14.6).
Jesus não é apenas mensageiro de Deus. Ele é Deus. Ouçamos cuidadosamente suas próprias palavras, onde mostra que é mensageiro, mas também a própria mensagem, por ser Deus:

. “Da mesma forma como o Pai tem vida em si mesmo, ele concedeu ao Filho ter vida em si mesmo". (João 5.26) (Quem tem vida em si mesmo, senão quem é Deus?)
. “Eu tenho um testemunho maior que o de João; a própria obra [obra da redenção, que completa a criação] que o Pai me deu para concluir, e que estou realizando, testemunha que o Pai me enviou". (João 5.36)
. "Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra". (João 14.10)
. "Ninguém viu o Pai, a não ser aquele [isto é: Jesus mesmo] que vem de Deus; somente ele viu o Pai". (João 6.46)
. “Quando vocês levantarem o Filho do homem [isto é: me crucificarem], saberão que Eu Sou, e que nada faço de mim mesmo, mas falo exatamente o que o Pai me ensinou". (João 8.28)
. "Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai”. (João 16.28)
. "Eu e o Pai somos um”. (João 10.30)

Dois outros textos, mais longos, não deixam dúvida quanto à divindade de Jesus.

"Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele.
Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia.
Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz".
(Colossenses 1.15-20)

"No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio.
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram.
Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus".
(João 1.1.5,10-12)

Jesus não foi um homem (ou espírito) que evoluiu. Na verdade, Ele foi um Deus que se rebaixou:

"Embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!
Por isso Deus [após sua ressurreição e ascensão] o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai".
(Filipenses 2.6-11)

Este é o Jesus das Escrituras.
Com quem ficamos: com as afirmações que Jesus Cristo fez de si mesmo ou nós o consideramos apenas como um mestre da moral ou um ser evoluído?
"Cada um de nós tem que optar por uma das alternativas possíveis. Ou [Jesus] era, e é, o Filho de Deus, ou então foi um louco, ou algo pior. Podemos contra argumentá-lo, taxando-o de louco, ou cuspir nele e matá-lo como um demônio; ou podemos cair a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas não venhamos com nenhuma bobagem paternalista sobre Ele ser um grande mestre humano. Ele não nos deu esta escolha". (LEWIS, C.S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: ABU, 1992. p. 29.)

A CONFISSÃO QUE SE FAZ IMPRESCINDÍVEL
Este Jesus só é compreendido através da fé. Como aprendemos nas Escrituras, "todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus; quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho". (2João 1.9. cf. 1João 2.23) O Espiritismo vai além do ensino de Cristo. A noção de pecado é um exemplo, entre outros, porque a Bíblia é solene, quando garante que não temos justiça própria, vindo da obediência ou da caridade, porque a justiça que salva é "que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé". (Filipenses 3.9)
Jesus é a justiça que procede de Deus. O que lemos na Bíblia sobre Jesus é uma afirmação "fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores". (1Timóteo 1.15) Quando faz esta declaração, o apóstolo Paulo pensa nos pecadores e olha para si mesmo e descobre: eu sou o pior dos pecadores.
Este é o Jesus, e não outro, que precisa ser confessado. Ter fé em nosso Senhor Jesus Cristo é crer que Ele é o Salvador, isto é, que Jesus Cristo é Deus; que Jesus Cristo morreu na cruz em nosso lugar (Romanos 5.8 -- "Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores"), tomando assim a iniciativa de nos livrar da culpa do pecado; que não há nada que o ser humano possa fazer para ser salvo, exceto confessar que Jesus é o Senhor da sua vida. A salvação não vem das ações humanas (ou obras ou ações de caridade), de modo que ninguém pode se orgulhar da sua salvação ou da sua própria bondade (Efésios 2.4-9). Nos somos justificados (tornados justos, no sentido de que somos perdoados e purificados dos nossos pecados) gratuitamente pela graça de Jesus, graça que nos redime, ou seja, graça que, ao nos ser concedida na cruz, elimina a nossa culpa (Romanos 3.24)
Por isto, "a cruz de Cristo é a única base sobre a qual Deus pode perdoar pecados". (STOTT, John. Porque sou cristão. Viçosa: Ultimato, 2004, p. 58.) "Se pecamos uns contra os outros, devemos perdoar uns aos outros. Então por que Deus não deveria praticar o que prega? Por que não deveria ser tão generoso quanto espera que sejamos". (STOTT, John. Porque sou cristão, p. 59) Assim, "quando Jesus morreu na cruz, o próprio Deus, em Cristo, recebeu o julgamento que merecíamos, a fim de nos dar o perdão que não merecíamos. A pena plena do pecado foi paga -- não por nós, mas por Deus, em Cristo. Na cruz o amor e a justiça divinos foram reconciliados. (STOTT, John. Porque sou cristão, p. 60)
Graças a Deus, como lemos nas Escrituras, Jesus Cristo "se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras". (Tito 2.14)
Assim, na cruz, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho (Romanos 5.10). Fomos resgatados do domínio das trevas e transportados para o Reino de Jesus, "pois foi do agrado de Deus que nele [isto é: em Jesus] habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, (...) estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz". (Colossenses 1.19-20)

Continua...

Fonte:www.prazerdapalavra.com.br